
OS CONTOS DE FADAS COMO RECURSO TERAPÊUTICO NO CUIDADO DE
CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM ORFANATOS.
Viviane Ceci Godoi, Miguel Cláudio Moriel Chacon – Campus de Marília - Faculdade de Filosofia e Ciências- Terapia Ocupacional
Para Cashdan (2000) a principal função dos contos não é a transmissão de uma moral ou lição, e sim o fornecimento de modelos de identificação, e Bettelheim (1979) defende que a criança não se identifique com o mocinho por sua virtuosidade ou a rejeição do vilão pelos castigos sofridos ao final do conto. Tanto Bettelheim (1979) quanto Cashdan (2000) concordam que há algo nos contos que não é simplesmente a moral, e que nos toca e produz sensações diante dos contos, às identificações com os personagens nos levam a uma projeção inconsciente para a posição dos personagens produzindo efeitos da experiência do conto. A simplicidade dos contos favorece sua aceitação em diversos contextos, a estrutura que sobrevive aos anos contém a essência do conto que nos toca produzindo sentimentos e dando sentido à nossa existência. O abandono é um dos maiores temores na infância, campo que foi amplamente explorado nos contos, no entanto a falta dos pais e a necessidade de proteção não seriam simplesmente eliminadas com o ato de ouvir um conto, mas a forma como a criança lida com ela pode ser otimizada se houver interação com os elementos anímicos dos contos e sua dinâmica interna. Os temores são tratados nos contos de diferentes maneiras, e oferecem elementos inconscientes com os quais a criança pode enfrentá-los melhor. Uma das maneiras de oferecer suporte à criança, para que ela siga rumo ao autoconhecimento é o exercício de seus impulsos que não são socialmente aceitos no cotidiano, e que podem ser bem trabalhados utilizando-se os contos de fadas como recursos tanto terapêuticos quanto pedagógicos.
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